Podemos simplificar o problema imaginando que a população se divide entre vacinados e não vacinados, pensar em que os contactos se fazem aos pares, pessoa A em contacto com a pessoa B, e que só pode haver contágio se A e B pertencerem ao grupo dos não vacinados (quadrado vermelho).
Os três tipos de contactos |
É um facto que probabilidade de dois não vacinados se encontrarem diminui rapidamente com a percentagem de população vacinada,
Probabilidade de dois não vacinados se encontrarem |
e que o falado limite de 70% para se atingir a imunidade de grupo tem a ver com o facto de a partir daí esta probabilidade ser inferior a 10%.
Mas chega?
Sabe-se bem que não, que há factores dinâmicos importantíssimos, tais como
i) quantos portadores de vírus assintomáticos andam a circular?
ii) quantos contactos cada um de nós tem, em média, por dia, por exemplo?
iii) qual a probabilidade de um contacto se transformar em contágio?
A primeira questão tem uma resposta na taxa de positividade dos testes, que hoje se estima ser inferior a 2%, ou seja, para encontrarmos um portador teremos de ter mais de 50 contactos. Daí a importância de testar, para se conhecer este factor.
A segunda questão prende-se com a nossa movimentação, e aqui sabe-se que, como na maioria dos fenómenos sociais, haverá muitas pessoas com poucos contactos e poucas pessoas com muitos contactos (os super-disseminadores). Depende das medidas de confinamento e dos cuidados individuais.
A terceira questão diz respeito à agressividade do vírus, e hoje sabe-se que a variante que entre nós predomina é altamente agressiva.
No total, estes três factores multiplicam-se, e daí começar a pensar-se que a imunidade de grupo pode ser um mito nos tempos mais próximos...